LETRAMENTOS ACADÊMICOS E UMA “VIRADA DECOLONIAL”: POSSIBILIDADES SULEADAS E FRONTEIRIZADAS
Resumen
A Tríplice Fronteira Brasil/Paraguai/Argentina apresenta uma complexidade sociolinguística singular que impacta diretamente o contexto educacional, exigindo atenção às práticas culturais e linguísticas locais. Este estudo tem como objetivo problematizar os efeitos de um giro decolonial nos letramentos acadêmicos desenvolvidos no IFPR em contexto de fronteira. A pesquisa, inserida no campo da Linguística Aplicada e orientada por uma abordagem qualitativa interpretativista de cunho etnográfico, integra um projeto mais amplo intitulado “(Des)formação docente ampliada, transgressiva e indisciplinada”. A análise focalizou uma problematização levantada por um aluno sobre o Manual de Normas para Apresentação de Trabalhos Acadêmicos do IFPR, que estabelece diretrizes para os letramentos acadêmicos institucionais. Entre os resultados, destaca-se a postura crítica do estudante ao identificar a hierarquização linguística implícita no documento, que privilegia línguas hegemônicas na produção científica. Esse olhar revela uma atitude decolonial e uma leitura crítica da realidade fronteiriça, diretamente relacionada às discussões promovidas na (des)formação docente. O posicionamento insurgente do aluno indica o avanço de um processo de decolonialidade do saber e evidencia a necessidade de uma formação docente sensível à pluralidade epistêmica e linguística das fronteiras. Ao concluir a análise, registramos o protagonismo do docente em (des)formação como possibilidade resultante do giro decolonial proposto nos letramentos acadêmicos, o que contribuiu para desvelar as peculiaridades linguístico-culturais da fronteira e propiciar uma leitura crítica de mundo e das formas de intervir na reinvenção da sociedade.